Bunheads e a volta de Amy Sherman-Palladino

A volta de Amy Sherman-Palladino à TV. Que fã de Gilmore Girls não esperou por isso? E vamos esquecer The Return of Jezebel James, que foi tirada do ar depois de somente três episódios e não teve muita chance de mostrar a que veio. Porque Bunheads, mesmo com dois episódios exibidos até agora, já mostrou – e em um clima bem parecido com GG.

O roteiro espirituoso, divertido e carregado nos diálogos está de volta, ainda que partindo de uma premissa muito mais absurda do que aquela que nos trouxe as garota Gilmore. A série acompanha a dançarina Michelle, que vive em Las Vegas e acaba aceitando um inesperado pedido de casamento de um admirador que não conhece bem e se muda com ele para uma cidadezinha costeira. Quando a gente supera essa implausibilidade (que é grande, mesmo considerando o fator bebedeira em Las Vegas), a série vai ficando mais familiar.

Estamos novamente em uma cidadezinha sem muitas opções com uma personagem matraqueando (com carinho) que é um pouco diferente dos demais moradores – e aquele senso de comunidade. Apesar da premissa, a dinâmica mãe-filha acaba ganhando uma releitura com a relação entre Michelle e a sogra Fanny (vivida por Kelly Bishop, sim, a eterna Emily Gilmore), que tem uma escola de balé que certamente vai acabar incorporando a nora. Com a premissa muito “dura”, às vezes as coisas acabam parecendo meio contritas – a mãe tem que morar com ele, para que quando Hubbell morre (pois é! Logo no piloto!) acabe forçando aproximação entre as duas. Especialmente porque ele vai deixar tudo pra Michelle na herança – justo quando já se pensava que nada mais iria segurar a moça ali.

E tem as adolescentes. Gilmore Girls era da WB, assim como a ABC Family voltado para um público mais novo, mas seus adolescentes eram diferentes, a começar por Rory. Mas, sim, tivemos o primeiro amor, o bad boy, o namorado da faculdade… Mas agora, com as quatro bailarinas alunas de Fanny que aparecem com mais destaque, parece que ASP vai mergulhar mais nesta busca pelo público jovem – quase como se estivessem ali para agradar a este demográfico e justificar sua existência no canal.

Como serão as histórias das adolescentes e como vão se integrar na série ainda não ficou muito claro. Com toda a coisa da morte de Hubbell tudo girou em torno disso e até agora a série só arranhou um pouco sobre a vida das garotas e vamos ter que esperar para ver como essa parte vai evoluir.

Além da cidadezinha, da protagonista esperta e faladora e da volta de Emily Gilmore (agora hippie e budista), a série traz de volta a trilha sonora de GG (Sam Phillips com seus lalalas, sim), Gipsy (de mecânica rude a vendedora super feminina), Mitchel Huntzburger (atrás do balcão de um bar) e, já dizem, o infame Jason. Vamos ver que outros atores vão dar as caras. Além dos alumni de GG, outras duas carinhas me chamaram atenção – Stacey Oristano, de FNL, aqui como uma ex de Hubbell, e Ellen Greene (uma das tias de Pushing Daisies).

Enfim, as diferenças existem aos montes, mas as semelhanças de ritmo, trilha e ambientação dão sim uma sensação de que estamos, de alguma maneira, de volta àqueele mundo – se não Stars Hollow, que afinal é diferente de Paradise, ao mundo de ideias de Sherman-Palladino. Bem-vinda de volta.

PS_e já voltou se envolvendo em FIGHT com ninguém menos que Shonda Rhimes, que criticou pelo Twitter a ausência de jovens negras na série. A ASP não levou bem, dizendo que é meio triste uma showrunner atacar outra showrunner, e a coisa ficou meio estranha. Para mais sobre o tema, clique aqui.