heroes – 04×19 – brave new world (season finale)

Para você que esperava um grande e emocionante confronto na finale de Heroes, bem, uma surpresa: o episódio foi moroso, entediante, cafona e com apenas uma semi-luta meia boca entre Samuel e Peter. Ok, pelo menos tivemos uma conclusão para história Charlie-solta-no-tempo, mas é sintomático que o melhor momento deste lamentável Volume 5 tenha sido justamente a prévia do Volume 6 (o Brave New World).

O “Redemption” foi frustrante em todos os aspectos. Os personagens, em geral, se desfocaram de suas motivações primordiais; perdemos gente como Nathan Petrelli, Angela (que apareceu pouco), Tracy (que deu as caras por DOIS SEGUNDOS nessa finale) etc. Tivemos todo um arco malignamente ruim de Sylar preso com as lembranças de Nathan, que no final das contas não se prestou a nada… A série achou por bem introduzir um novo vilão, Samuel, que durante algum tempo flutuou como alguém ambiguo (era um louco com megalomania ou realmente queria proteger os “especiais”?), mas lá no fundo acho que todos sentiam qual era a dele… As tentativas de dar profundidade ao personagem, colocando conflitos com o irmão e um amor renegado, não tiveram muito sucesso.

Chegamos na finale e pelo menos eu esperava uma reunião dos herois para derrotar Samuel e o circo no Central Park. A reunião acaba acontecendo, mas antes disso gastamos uns 3/4 do episódio com Bennet quase-morrendo de falta de ar e se despedindo de Claire, só para ser salvo por Tracy (que some logo depois); Matt tentar em vão convencer Peter de que Sylar não é confiável; e Hiro concluindo sua história com Charlie. A história da namoradinha de Hiro até teve um final relativamente satisfatório – ele a encontra no hospital, morrendo, e descobre que ela ficou “solta no tempo” 65 anos atrás.

Charlie amadureceu, casou, teve uma vida normal e agora chegou ao fim. Hiro segue tresloucado. Nem chamo mais de MANIA DE HEROI, porque um cara que diz “posso resolver isso” para uma senhora à beira da morte está é sem noção mesmo. “Resolver o que?”, ela pergunta. Ela teve o direito de viver sua vida – e não sofrer uma morte precoce, como nas outras versões. A ideia de voltar e fazer tudo de novo quando a morte chega (e sempre vai chegar, né) é insana. Qual seria o ponto de criar uma vida para abandoná-la e recomeçar outra novamente? Charlie teve sua vida, criou seus laços, tem uma existência. Talvez alguém possa se interessar por isso, em viver nesse loop, mas me parece um pesadelo particularmente elaborado.

De volta à ação do episódio, essa coisa de Sylar ser um homem mudado e olhar com condescendência para Matt quando este diz que “como pode ele ter mudado em algumas horas” me deixa louca. É quase tão ruim quanto toda a coisa com Nathan. Enfim. Sylar está disposto a salvar Emma, como diz a Matt, e ruma para o Central Park com Peter. Doyle, o ventriloquo, está comandando Emma para que ela atraia pessoas para o local. Claire chega e confronta Samuel, dizendo à família que ele planejava expô-los e matar todos. Ninguém acredita, mas aí chegam Bennet, Edgar e até o Homem Múltiplo para desmascarar Samuel, falar que ele matou o irmão, mandou matar Lydia, armou tudo…

Todos fogem. A esta altura, Sylar conseguiu se livrar do jugo de Doyle, que o havia capturado quando ele foi salvar Emma. O ex-vilão, por sinal, se sentiu muito bem em dizer ao cara que era um heroi, se sentiu bem em salvar a mocinha e tudo mais. Sem Emma segurando, as pessoas se dispersam. Antes que Samuel faça algo, Peter surge e pega o poder dele (melhor do que o que estava, o de Parkman) e os dois se lançam em uma luta que é um espécie de fraude – mal começa e já termina, porque sem os especiais não há “combustível” para o poder. Sozinho, Samuel cai no chão, desconsolado, percebendo que não tem poder – e nem nada, a esta altura.

Lauren providencia para que a Companhia (pois é! haha) leve Samuel e cuida de enganar os reporteres que estavam lá. Claire fica muito frustrada com tudo. “Você ainda não vé, não é? Um futuro em que todos possamos viver livremente”. Toda temporada de contestações e reflexões fez o desejo de Claire de não viver mais em segredo ficar ainda mais latente. Ela não quer viver escondida – ela quer que os especiais “saiam do armário”. Era isso o que a atraia no circo de Samuel – poder ser ela mesma, não ter que viver tomando cuidado para não revelar mais do que deveria. E o gancho para o Volume 6, nenhuma certeza que vá haver, por enquanto, é esse: diante dos jornalistas, ela sobe na roda gigante e pula. A cena é uma réplica daqueles intrigantes momentos da primeira temporada, em que a vimos registrando suas tentativas de, bem, se machucar, morrer, testar seus limites.

“É um mundo novo”, diz Sylar, parecendo deliciado. Os outros estão incertos – Peter, Hiro, Ando – e Bennet diz a Lauren que está de coração partido. Certamente é um grande passo, um belo gancho e se Heroes realmente voltar, e voltar com ALGO NA CABEÇA, seria possível fazer uma boa temporada. Depois de duas temporadas horríveis – e a segunda foi meio decepcionante também, mas ainda gosto – a fé na renovação da série está lá embaixo. E digo renovação interna, não da NBC, que não duvido nada que vá pedir uma quinta temporada. Já não tenho muitas esperanças de que os roteiristas voltem com algo legal – mas acho que só saberei vendo, né?

Heroes
NBC
Quarta temporada
Episódio dezenove
Escrito por Tim Kring
Dirigido por Adam Kane

Autor: carol

there ain't no catcher in the rye vamo se jogar!

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